Coisas tão vãs e tão mudáveis

Aqui vão mais alguns contos. Dei a eles o título acima inspirado no seguinte soneto de Sá de Miranda, contemporâneo de Camões.

O sol é grande, caem co’a calma as aves, / do tempo em tal sazão, que sói ser fria; / esta água que d’alto cai acordar-m’-ia
do sono não, mas de cuidados graves.
/ Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,/ qual é tal coração qu’em vós confia? / assam os tempos vai dia trás dia, / incertos muito mais que ao vento as naves. / Eu vira já aqui sombras, vira flores, / vi tantas águas, vi tanta verdura, / as aves todas cantavam d’amores. / Tudo é seco e mudo; e, de mestura, / também mudando-m’eu fiz doutras cores: / e tudo o mais renova, isto é sem cura!

Deixe um comentário