Bolsonaristas: monstros ou palhaços? Reflexões à luz de Hannah Arendt

Em 1960 o ex-oficial das SS nazistas, Adolf Eichmann, um dos responsáveis pela “solução final” do regime em relação aos judeus, foi sequestrado em um subúrbio de Buenos Aires por um comando israelense do Mossad e em seguida levado para Jerusalém, onde foi submetido ao maior julgamento de um nazista após Nuremberg. Porém, ao invés do monstro que todos esperavam, surgiu aos olhos do mundo apenas um simples funcionário do estado nazista, bastante medíocre, preso a clichês burocráticos, incapaz aparentemente de refletir mais profundamente sobre seus atos. É aí que o olhar lúcido da filósofa Hannah Arendt, judia alemã que havia sido perseguida pelo regime de Hitler, revela o que chamou de “banalidade do mal”, associada à capacidade, bancada ou intermediada pelo Estado, de igualar a violência homicida ao mero cumprimento de metas. Banal por um lado, mas ainda assim uma imensa ameaça às sociedades democráticas. Por alguma razão o bolsonarismo no Brasil de hoje, na sua banalização de atitudes e palavras fora de propósito sobre a pandemia, suas agressões e ameaças à democracia, me parece também bastante explicável pelos conceitos lançados pela filósofa judia. Senão, vejamos.

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Estrambótica política

Resolvi dar uma olhada nos resultados eleitorais de duas cidades onde vivi, BH e Uberlândia, encontrando ali coisas curiosas, que mostram como a política brasileira anda mesmo – para dizer o mínimo – surpreendente – evitando, assim, qualificativos menos agradáveis. Na Capital das Gerais, mesmo sendo atleticano de coração, não fiquei particularmente feliz ao saber que o segundo turno para prefeito será disputado por um … Continuar lendo Estrambótica política

Conversas de Jerônimo Fogueteiro (ou como abunda a falta de assunto…)

Minha avó Dodora tinha uma curiosa expressão para desqualificar a prosa de alguém, por repetitiva, sem substância ou “repertório”, como ela também dizia: “conversa de Jerônimo Fogueteiro”. Talvez tenha trazido este modo de dizer de Varginha, no Sul de Minas, onde passou parte da infância. Pois é, quando abro os jornais dos últimos dias e semanas fico com a sensação de que o tal mestre … Continuar lendo Conversas de Jerônimo Fogueteiro (ou como abunda a falta de assunto…)

Você é o famoso quem?

ALBERTO ROBERTOVejam só esses caras – ilustríssimos desconhecidos até então – que agrediram Chico Buarque numa rua do Leblon. Famosos agora, não é? Estamos em tempos de gente famosa. Ou melhor, gente que quer ser famosa a qualquer custo. Gente obscura, mas que se alimenta de grandes pretensões. Gente que não sabe de nada, mas se julga a reencarnação de Sócrates. Gente que fita o resto da humanidade como se fosse uma escória (palavra que, aliás, apreciam bastante). Continuar lendo “Você é o famoso quem?”