Anjo da Morte

– Quem, eu? Eu? Nem sei direito de quem o senhor está falando… Ah, daquele sujeito? Infelizmente, conheci. Foi meu marido sim, ou alguma coisa parecida. Foi, não é mais. Deus levou ele, ou foi o diabo, nem sei. Era mesmo uma peste de homem, pergunte por aí. Não é somente eu que digo isso. Outras mulheres que ele teve também confirmam. E mais gente, uns que trabalharam com ele, fizeram negócios, até mesmo vizinhos. Não tem um que defenda.

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Doze Vinténs: Estórias de Roça e Sertão

Doze vinténs. O significado de tal título o leitor descobrirá já na primeira página dos textos que seguem abaixo, depois do “leia mais”. O número doze, além disso, tem significado aqui, pois representa a quantidade histórias contidas (e contadas) na presente seleção. Podem interpretar o título também à luz dos dicionários, ou seja, essas estórias valeriam tanto quanto aquela antiga fração monetária, quase destituída de valor. Sobre serem “estórias de roça e sertão”, como também consta do título, me permito um esclarecimento adicional. Não é que eu seja um especialista em tais territórios, em termos físicos, geográficos ou literários. Nunca morei naquele interior mais radical de que algumas dessas narrativas se ocupam. Mas tenho família com tal origem, por gerações, inclusive aquela imediatamente anterior à minha pessoa. Assim, o que vai aqui são estórias que se passam neste vasto território, mais cultural do que físico, certamente . Mas pensando bem, faz muitos anos que tenho residência, na verdade, no vasto “sertão” dos planaltos interiores do Brasil, primeiro em Uberlândia depois em Brasília. Aliás, passei praticamente a metade de minha vida em tal localização geográfica. E assim, aprendi a gostar de cerrado; de paisagens achatadas, que alguns consideram monótonas, mas eu não; de rios que fluem de e para onde não se espera; de arroz com pequi; de horizontes abertos; de árvores tortas e nem por isso feias ou “erradas”, como diz meu amigo Nicolas Behr.  E assim apresento a vocês estes contos (se é que posso chamá-los de tal forma), que me deram muito prazer ao serem escritos, augurando que isso contamine os meus eventuais leitores também. Em tempo: “Doze Vinténs” não é um nome exatamente fictício . A bem da verdade, era este o nome da antiga fazendo do meu avô Altivo Drummond de Andrade, em Itabira, onde eu mesmo morei por alguns meses, antes de completar um ano de idade. Mas nenhuma dessas narrativas tem a ver diretamente com fatos reais, são todas totalmente ficcionais, com uma única exceção, naquela parte denominada de O Mato de seus Perigos, a qual, ao lerem, meus leitores saberão a razão disso..

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