Visita ao Velho

Sim, era preciso visitá-lo. Ele, o Velho Tio, fazia parte de nossa vida, desde a mais remota infância. Da minha vida, mais do que da dele, meu irmão mais novo, que teve menos convivência com tal figura, para mim tão marcante. Ele morava longe, cumpria fazermos aquela viagem longa, que deveria ser premeditada, porém sem termos tempo para tanto.

Fizeram uma cachorrada comigo, era como ele explicava a origem dos acontecimentos que o derrubaram, sem apelação, na cama que poucas semanas depois o acolheu na morte. Falava da passagem atabalhoada do velho cão de fila da fazenda pela porta da cozinha, onde ele justamente tomava um café e acendia o cigarro de palha habitual nas manhãs. E sem mais se viu jogado ao chão, gerando um doloroso calombo na coxa, que ele mesmo, no ato, diagnosticou como uma fratura de cabeça do fêmur.

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Dez anos sem Roberto Andrade

Anos 50. O homem louro e alto, para nós crianças mais alto ainda, grande como uma torre, nos trazia o cheiro de currais e as histórias de lugares de nomes sugestivos: Uberaba, Barretos, Areias. A cada ano éramos apresentados a um novo primo, quatro evangelistas, meninas com os nomes começados por “B” e mais. Anos 60. Os encontros nas Areias. Festas regadas a conversas, brincadeiras … Continuar lendo Dez anos sem Roberto Andrade