Depois da amarela canafístula, de janeiro, a próxima florada espetacular de Brasília é a da paineira rosa. Ou melhor, das paineiras, em vários tons de rosa, chegando ao púrpura e do outro lado do espectro, ao branco.
Vamos ver o que dizem delas os alfarrábios…
Ela é árvore nativa do Brasil, de nome científico Chorisia (ou Ceibia) speciosa, da família bombacaceae, na qual estão muitos parentes, entre eles o imbiruçu, popular no cerrado e até mesmo o baobá africano, consagrado nas páginas de O Pequeno Príncipe. As paineiras são árvores caducifólias, ou seja, das quais as folhas caem durante o período da seca, chegando a medir 30 m de altura e 120 cm ou mais de diâmetro, na idade adulta, aspecto que lhes confere um nome também usual, de barrigudas. As flores são vistosas e aveludadas, mas não têm cheiro. Os frutos parecem abacates, de coloração parda, com fibras brancas que seguram a famosa paina, usada na confecção de almofadas e travesseiros (antes da era do látex e do isopor, evidentemente).
Corísias ocorrem naturalmente nos estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal. Sua madeira tem o cerne claro, com textura rude. Mas não esperem dele grande ajuda como madeira, sua resistência é fraca e tem grande tendência ao apodrecimento rápido. Em todo caso, dizem os alfarrábios, a madeira pode ser utilizada em aeromodelismo, como material isolante, flutuadores, enchimento de portas, embalagens leves, caixas, forro de móveis, cochos, gamelas, tamancos, canoas, divisórias e outros usos que não requeiram resistência. Ah, sim, é matéria prima de pasta para papel. Mas quem abateria uma paineira para fazer papel?
Elas pontificam em Brasília, durante os meses de abril e maio. Algumas até mesmo se antecipam para março e até mesmo antes. Na 410 Norte, por exemplo, existem belos exemplares que fazem jus ao nome que nelas cabe gracioso, mas que para outro(a)s soaria como ofensa: barrigudas.
Elas podem ser vistas aqui e em muitos lugares. Sem abrir mão das que enfeitam nossas vidas na pré-seca do planalto, nestes meses que são os mais bonitos e suaves do ano, abril e maio, me lembro de algumas que me marcaram. Em primeiro lugar as da mata seca de Januária, no Norte Mineiro, que com seu tronco grosso e ramos curtas mostram muito bem o parentesco que possuem com os baobás. Mas uma que me intrigou de verdade foi a que vi, explodindo exageradamente numa florada quase carmim, bem frente ao Museu de Saramago, na Baixa de Lisboa. Como essa danada foi parar ali?