Calendário florístico do Planalto: paineiras

PAINEIRAS ABRIL 16Depois da amarela canafístula, de janeiro, a próxima florada espetacular de Brasília é a da paineira rosa. Ou melhor, das paineiras, em vários tons de rosa, chegando ao púrpura e do outro lado do espectro, ao branco.

Vamos ver o que dizem delas os alfarrábios…

Ela é árvore nativa do Brasil, de nome científico Chorisia (ou Ceibia) speciosa, da família bombacaceae, na qual estão muitos parentes, entre eles o imbiruçu, popular no cerrado e até mesmo o baobá africano, consagrado nas páginas de O Pequeno Príncipe. As paineiras são árvores caducifólias, ou seja, das quais as folhas caem durante o período da seca, chegando a medir 30 m de altura e 120 cm ou mais de diâmetro, na idade adulta, aspecto que lhes confere um nome também usual, de barrigudas. As flores são vistosas e aveludadas, mas não têm cheiro. Os frutos parecem abacates, de coloração parda, com fibras brancas que seguram a famosa paina, usada na confecção de almofadas e travesseiros (antes da era do látex e do isopor, evidentemente).

Corísias ocorrem naturalmente nos estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal. Sua madeira tem o cerne claro, com textura rude. Mas não esperem dele grande ajuda como madeira, sua resistência é fraca e tem grande tendência ao apodrecimento rápido. Em todo caso, dizem os alfarrábios, a madeira pode ser utilizada em aeromodelismo, como material isolante, flutuadores, enchimento de portas, embalagens leves, caixas, forro de móveis, cochos, gamelas, tamancos, canoas, divisórias e outros usos que não requeiram resistência. Ah, sim, é matéria prima de pasta para papel. Mas quem abateria uma paineira para fazer papel?

Elas pontificam em Brasília, durante os meses de abril e maio. Algumas até mesmo se antecipam para março e até mesmo antes. Na 410 Norte, por exemplo, existem belos exemplares que fazem jus ao nome que nelas cabe gracioso, mas que para outro(a)s soaria como ofensa: barrigudas.

Elas podem ser vistas aqui e em muitos lugares. Sem abrir mão das que enfeitam nossas vidas na pré-seca do planalto, nestes meses que são os mais bonitos e suaves do ano, abril e maio, me lembro de algumas que me marcaram. Em primeiro lugar as da mata seca de Januária, no Norte Mineiro, que com seu tronco grosso e ramos curtas mostram muito bem o parentesco que possuem com os baobás. Mas uma que me intrigou de verdade foi a que vi, explodindo exageradamente numa florada quase carmim, bem frente ao Museu de Saramago, na Baixa de Lisboa. Como essa danada foi parar ali?

Publicidade

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s