Olhando bem
Um frango ciscando
Tem elegância
Também.
De repente
Um hai-kai
Na tarde
silente.
O conto do sabiá
Procura
Encontra?
O que não há.
A manga que cai
Por si só
Faz hai-kai
O sabiá
Não esmorece
Repassa seu canto
Sem estresse.
O canto do sabiá
Arrasa…
O resto?
Pura algazarra.
Maritacas, demais.
Mas não menos
Quintais.
Zumbe o besouro
E também o colibri.
A semelhança
Acaba aí.
Na tarde
A alma de gato:
<Sem eu,
Não seria tudo
Mais chato?>
O sabiá prossegue
Até que tarde à noite
Seja entregue.
“Fogo-apagou”!
Mas onde, e quem
Queimou?
Coqueiro morto
Não perde a pose
Não fica torto.
Piteiras em pletora
Põem pálidas
Plumagens.
O frango sura
Assegura:
Feiura
Tem cura.
Quem primeiro apareceu:
Maritacas ou mangueiras?
Abundância ou escarcéu?
Vozes ao longe
Um pilão que bate.
O nó da vida
Não há quem desate.
Agora é o baticum
eletrônico
Se o hai-kai é agudo
isso não será
Assim meio crônico?
Um cão molhado
Passeia, mais certeiro
Só a agulha
Na veia.
A paz
Não adianta buscar:
É a gente
Que faz.
E confirma o sabiá:
Igual ao meu canto
Não há.
Responde o frango
Tagarela:
Não canto assim
E me espera
A panela.
A noite cai
Com tantas lembranças
Há uma
Para meu pai.
Macaúba, também xodó
Poesia é teu leque ao vento
Mas seus espinhos ferem
Sem dó.
O céu é azul. Zás!
Espanam as nuvens
Os indaiás.
Macaúba, a que te destinas?
Olhe, ingrato, a lembrança
De Minas.
Com todo alarde,
as araras conduzem a seu destino
a tarde.
E o tucano
ao meio dia
promete volta
na Ave-Maria.
Manhana, Mãe-Ana:
Que tal se me trazes
Boa tisana?
Contra toda ziguizira,
Um bom prato natural
Na casa de Dona Alzira.
(No quintal de Teresa)
A natureza, eis como se arranja:
árvores com muita bromélia,
bem pouco darão em laranja.