Há tempos foram os rolezinhos, depois os black blocs; antes disso, as ruas movimentadas em junho de 2013. Li também que um grupo ocupou a Avenida Paulista em defesa da candidatura de… Donald Trump – ele mesmo! Uma seita evangélica monta uma rede completa de comunicação e, como se não bastasse, adquire também um partido político. Este país não cansa de nos apresentar surpresas… Sobre esta história de invasão, digo ocupação, de escolas, mesmo correndo o risco de infringir todos os artigos, parágrafos e incisos da Lei do Politicamente Correto, vou dizer aqui o que penso. E o que penso é o seguinte: se invadir fosse solução (e tenho visto gente que até parece séria defender este tipo de coisa), por que não ampliar tal tipo de ação? Invadamos os hospitais e postos de saúde, que sabidamente não funcionam. E da mesma forma que os atuais invasores, vamos colocar os pacientes para gerir a instituição e, quem sabe, realizar os atendimentos de emergência e as cirurgias. No transporte público vamos entregar a direção dos veículos, de taxi até metrô, às mãos dos ilustres passageiros. Polícia? Pra quê Polícia? Deixemos que os cidadãos mesmo se vigiem e se punam… E que tal se também esses mesmos cidadãos cuidassem da distribuição de renda, ocupando as delegacias da Receita Federal? Ah, e que não se esqueçam do Palácio do Planalto e das torres & cuias gêmeas da Praça dos Três Poderes. Aquele Hobbes, do Leviatã e o tal Rousseau, do Contrato Social, não sabiam mesmo de nada! Aux armes citoyen! O que é mais assustador é assistir, como está ocorrendo, até mesmo diretores de unidades escolares defenderem algo assim, explicitamente. É uma questão de direitos, bem o sei. Mas indago: e o direito de quem quer estudar ou dar aulas, para não falar dos pais que têm expectativas diferentes em relação ao verdadeiro papel da escola onde seus filhos estudam. Não me importa ser politicamente correto, prefiro ser responsavelmente correto: reintegração, já!
