Coisas entre o Céu e a Terra

Há mais coisas, Horácio, entre o céu e a terra, do que sonha nossa vã filosofia. Hamlet – Shakespeare (Ato I – Cena V)

Logo que viu aquele negro jovem e corpulento, com um tosco cartaz escrito a pincel atômico com seu nome, a esperá-lo na calçada do aeroporto, sentiu de imediato certa empatia pela figura. Em cada movimento seguinte viu confirmada suas impressões, nos votos de boas-vindas, na mala que lhe foi retirada pressurosamente das mãos, na indagação se havia feito boa viagem. Quando entrou no carro havia a sua disposição pastilhas de menta e água mineral, meio quente, mas sempre um agrado, pensou, mas que mais ainda lhe aumentou a simpatia pelo motorista, que o conduziria para uma viagem noite a dentro.

Estava ali para uma visita técnica à prefeitura do município, situado a quase 200 km daquela cidade polo, para onde o avião trouxera. Era bem acostumado com este tipo de viagem e as recepções que lhe faziam costumava ser variadas em termos de qualidade, mas aquela lhe parecia estar entre as mais calorosas que já experimentara.

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