Inhotim revisitado

Até há poucos anos atrás este nome era de conhecimento circunscrito aos moradores de Brumadinho, na região metropolitana de BH e, fora disso, no máximo aos viajantes ou trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil, por denominar uma estação da mesma, em tal município. Senhor Tim, um inglês de nome Timothy, dos primórdios da mineração do ferro no século 19 na região, talvez seja uma possível origem de tal nome, mas há outras explicações, que não caberia detalhar agora. O fato é que hoje todo mundo sabe o significado dessa denominação. Vamos ver o há na web sobre tal empreendimento diz:

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Viagem ao Gerês, Portugal, 2025

Peneda-Gerês, um parque natural em Portugal. Eu já havia estado lá, em 2015, mas tive nova oportunidade, em março de 2025, de fazer uma viagem mais profunda, embora com a duração de apenas um dia, na companhia de meu amigo Eduardo Guerra, agora transformado em cidadão português. O Parque Nacional da Peneda-Gerês é uma área protegida, o único parque nacional em território português, situado no extremo norte do país, entre as regiões do Minho, Trás-os-Montes e a Galiza, passando ao outro lado da fronteira com a Espanha, onde é chamado de Xurés. É um território de serras e florestas sem fim e dele muito bem disse meu amigo Eduardo: eu pensei que conheci montanhas em Minas Gerais, minha terra, mas foi aqui que as vi de verdade. Ali nascem dois grandes rios portugueses, nenhum deles comparável ao Amazonas ou mesmo ao São Francisco, por certo, mas repletos de histórias e tradições: o Lima e o Cávado. Aliás, em Portugal, os rios sempre correm da fronteira com a Espanha (ou do próprio território espanhol) para o mar. No primeiro caso estão estes dois aí citados, além de outros) e na segunda versão o Minho e o Tejo, que possuem berço espanhol. O Gerês fica a nordeste de Portugal, tendo como cidades mais importantes dentro de seus limites Braga, Guimarães, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e Vila Real, além de outras. Esta área é considerada pela Unesco como Reserva Mundial da Biosfera, importante na conservação do solo, da água, da flora, da fauna e da paisagem. A prestimosa Wikipedia o define como uma das maiores atrações naturais de Portugal, pela rara e impressionante beleza paisagística e pelo valor ecológico e etnográfico, além da variedade de sua fauna, que inclui corças, lobos, cabras selvagens e aves de rapina, além de uma flora exuberante, na qual se sobressaem pinheiros, teixos, castanheiros e carvalhos. Pela área do parque passou uma antiga estrada romana, a Geira, que ia de Braga a Astorga, na região central da Espanha. Vamos por partes.

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Assim Sophia viu Brasília

Em minha primeira viagem a Portugal, flanava eu pelas ruas do Chiado e ato contínuo resolvi tomar um daqueles charmosos eléctricos amarelos, que subindo e descendo ladeiras acabou por me deixar em uma praça nos altos opostos ao meu ponto de partida, o Miradouro da Graça. Ali, em um pequeno paço, me vi diante de uma bela e extensa vista, que abarcava desde o bairro da Mouraria, ao rés do chão, até o Castelo de São Jorge e o bairro da Alfama, ao centro, com a Sé de Lisboa mais adiante e mesmo, além, a ponte 24 de Abril e um pedaço do Tejo. No logradouro propriamente dito um busto em bronze me avisava que o local era conhecido também pelo nome da homenageada, Sophia de Mello Breyner, que eu até então ignorava quem fosse. Nos dias seguintes vi o que minha imperdoável ignorância me negara: ela era uma das maiores escritoras e poetas de Portugal, comparada até mesmo a Fernando Pessoa. Seu nome estava não só em pracinhas como aquela, mas em outros locais públicos da cidade e, de maneira que revelava sua real importância, em uma série de poemas sobre o mar, inscritos nas paredes que ladeavam os enormes aquários do Oceanário de Lisboa, que visitei um ou dois dias depois. Assim ela chegou em minha vida.     

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No Mato-Dentro

Para sairmos da grande cidade é preciso trilhar seus tristes caminhos de periferia, lixo jogado nas ruas e o povo pobre nos pontos de ônibus. Mas lá na frente, mal e mal vislumbradas, as montanhas já nos auguram, em pálido azul que se confunde com o cinzento, a passagem por mais aprazíveis lugares. Em marcha sinuosa e intercalada pelos quebra-molas, passagens de linha de ferro e semáforos, ladeando as grandes filas de moradias toscas e sem reboco, vamos deixando para trás essa “mancha urbana” – coisa que aqui é sempre uma “mancha”, pelo menos em relação ao destino que esta gente deveria ter, mas não tem. Mas é ir em frente – fazer o quê? E assim alcançamos a velha cidade, vizinha quase emendada à metrópole adjacente, herdando dela e até piorando o que de mal possa haver. Mas em todo caso, além da ponte do rio histórico, alguma coisa mais bela se anuncia e logo se confirma, mas se reduz a uma única rua, só, aquela fileira de casarões, seus telhados sobranceiros, uma ou outra igreja ou capela, o que sobrou de um chafariz ou de um aqueduto. As placas comerciais escandalosas, anunciando negócios e mercadorias, em barafunda, meio que estragam ou contaminam tudo. Mas pelo menos os quintais ainda ostentam suas mangueiras centenárias, neste momento em florada, cujo cheiro é possível sentir mesmo dentro do carro. Continuar lendo “No Mato-Dentro”

Viagem a Portugal (III): Rumo ao Norte

Visitado o grande epicentro de História que tem como lugar simbólico Aljubarrota – lindo nome! – e  onde se situam Óbidos, Alcobaça, Batalha e Tomar, é hora de seguir adiante. Mas talvez seja mais adequado, enquanto é tempo, corrigir a frase acima, pois que todo este país, embora pequeno, é vasto palco de acontecimentos marcantes, não só de impacto local como, muitas vezes, universal. Melhor … Continuar lendo Viagem a Portugal (III): Rumo ao Norte

Na Bodoquena, no Pantanal

Pela terceira vez fui ao Pantanal. Acho que todo brasileiro deveria ir também, embora isso implique em duas questões difíceis de resolver, a do custo e a da superlotação… Dizem que há muitas diferenças entre o norte e o sul deste presente que a natureza nos deu. Não sei dizer; isso é coisa para biólogos e ambientalistas ou, pelo menos, para gente que ali vai … Continuar lendo Na Bodoquena, no Pantanal

Pelo Sertão

Você gosta de sertão, de boiada, de vereda de buritis, de velhas cidades à beira rio? Calma, não vou recomendar  leituras em Guimarães Rosa, se bem que se você quiser levá-las  na bagagem, será de bom proveito. Pegue seu carro (qualquer modelo, desde que esteja com boa mecânica, pneus novos, etc.) e siga comigo. Vamos pegar a saída norte. Passando Formosa, você logo estará em … Continuar lendo Pelo Sertão

Pela Estrada Real

Depois de numerosas idas e vindas pelas estradas que hoje fazem parte da “Estrada Real” (elas são muitas, considerando a necessidade de fugir do fisco desde os primórdios de tal caminho…), passei a ser considerado um especialista no assunto. Assim, quando amigos me pedem orientações, já lhes entrego quentinho o texto seguinte. Pra começar: saindo de Confins, tomem a estrada pra BH, mas só por … Continuar lendo Pela Estrada Real

De novo no Mato Dentro

Em 2008 publiquei no TREM ITABIRANO um relato de viagem pela região de Itabira, ao qual intitulei “As Meninas do Mato Dentro”. Nele, louvei a dedicação e a simpatia com que fui atendido em locais turísticos da região, por exemplo, na Casa de Drummond, no Museu do Tropeiro, na Matriz de Santa Bárbara, além de outros. De volta ao Mato Dentro, seis anos depois, tenho … Continuar lendo De novo no Mato Dentro