Mensagem do BLOG para o final de ano…

FOGOS DE ARTIFICIOAMIGOS LEITORES, mando-lhes esta mensagem de final de ano, coletada no grande FERNANDO SABINO – para os que estão envelhecendo (como eu…), para os que já envelheceram, para os que ainda vão envelhecer e, principalmente, para os que pensam que NUNCA irão envelhecer… Além do mais, em um ano como este (que felizmente já vai passando), é preciso muita reza…

 

Para encerrar o ano, não há como não transcrever na íntegra esse poema (ou oração) que me caiu nas mãos, cuja origem se perde nos tempos da Idade Média. De autoria presumível de uma freira, foi descoberto entre as ruínas de um convento medieval na Itália, segundo me contaram (só tenho o poema, sem nada  que documente a sua origem): FS

Senhor,

sabes melhor do que eu que estou envelhecendo,

e que, mais dia, menos dia, farei parte dos velhos.

Guarda-me daquela mania fatal

de acreditar que é meu dever dizer algo a respeito de tudo

e em qualquer ocasião. Livra-me do desejo obsessivo

de por ordem nos negócios dos outros.

Torna-me refletida, mas não ranzinza,

serviçal, mas não autoritária.

Acho uma pena não utilizar

toda a a imensa reserva de sapiência

que acumulei por longos anos,

mas bem sabes, Senhor…

faço questão de conservar alguns amigos…

Segura-me quando eu começar a desfiar detalhes

que não acabam mais,

dá-me asas para ir direto ao fim.

Sela meus lábios acerca de minhas mazelas e doenças,

embora essas aumentem sem cessar

e, com o passar dos anos,

me dê certo prazer enumerá-las.

Não me atrevo a pedir-te

que eu chegue até a gostar de ouvir as outras

quando desenrolam a ladainha dos próprios sofrimentos,

mas ajuda-me a suportá-las com paciência.

Não me atrevo a reclamar uma memória melhor,

dá-me, porém, uma crescente humildade

e menos susceptibilidade,

quando a minha memória esbarrar na dos outros.

Ensina-me a gloriosa lição

de que pode até acontecer que eu esteja enganada.

Toma conta de mim,

não é que eu tenha tanta vontade de virar santa

(com certos santos é difícil conviver!)

mas uma velha, além de velha, amarga

é com certeza uma das supremas invenções do diabo.

Faz-me capaz de algo de bom onde menos se espera,

e de reconhecer talentos,

em gente na qual estes não se percebem

e dá-me a graça de proclamá-lo.

Amém.

 

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