Vejam só esses caras – ilustríssimos desconhecidos até então – que agrediram Chico Buarque numa rua do Leblon. Famosos agora, não é? Estamos em tempos de gente famosa. Ou melhor, gente que quer ser famosa a qualquer custo. Gente obscura, mas que se alimenta de grandes pretensões. Gente que não sabe de nada, mas se julga a reencarnação de Sócrates. Gente que fita o resto da humanidade como se fosse uma escória (palavra que, aliás, apreciam bastante).
Os exemplos se repetem. Há dias, foi o Senador Suplicy, homem do bem, incapaz de fazer mal a um mosquito da dengue, que foi vítima de alguns ilustres ignotos em uma livraria de São Paulo. Antes, alguns dias, foi a vez dos parentes e amigos de José Eduardo Dutra, cujo corpo estava sendo velado em BH, serem alvo de vandalismo semelhante.
E casos assim se repetem…
Enquanto isso – até quando? – o ilustre, manjadíssimo, famoso e famigerado – Eduardo Cunha trafega livremente, na contramão da lógica e da lei…
Convenhamos: parece que há algo de podre neste país…
Os agredidos, mesmo que se discorde deles, são gente notável, conhecida, que mostram suas caras à luz do dia.
E os agressores? Gente totalmente ignota e ignara, que percebem, num lampejo, que agredir alguém realmente famoso é a melhor maneira de alcançar aqueles quinze minutos de fama de que falava Andy Warhool. E o que não fazem para consegui-lo, seja on line, off line, ao vivo, a cores… E só assim saem de obscuridade e da insignificância a que estão condenados.
A frase que dá título a este post é de Alberto Roberto, personagem do genial Chico Anysio. Ele, um ator canastrão e medíocre, se julgava famoso, rei da cocada, príncipe das artes cênicas. E para se dirigir a seus interlocutores, geralmente artistas famosos (e reais) do teatro, do cinema e da TV se saía com esta: você é o famoso QUEM?
Nada melhor para caracterizar estes frustrados que se realizam em achincalhar gente notável, se esquecendo que a cultura e a civilização já encontraram maneiras muito melhores de contestar ou discordar dos pontos de vista de alguém: o diálogo e a persuasão.
Deixa pra lá, eles – os famosos QUEM MESMO? – não sabem e nunca conseguirão captar o que é isso…
Quanto a Chico, sujeito famoso de verdade e no melhor sentido da palavra, deu provas de sua grandeza ao atravessar rua para (tentar) dialogar com os facínoras. Mas seria bom que se cuidasse na próxima vez Sabe-se lá se a sanha desses pigmeus de shopping center vai passar….