O que fazer com aquele amigo que vota em Bolsonaro?

hienaEm primeiro lugar, como dizia Vinicius de Moraes, “melhor não tê-los…” Mas uma vez tendo-os, o que fazer? Para esgotar logo a parte pior, como todo mundo abriga um pequeno bolsonaro dentro de si, começo por ele, usando ele contra ele mesmo. Vou conjugar e fazer valer (mentalmente…) aqueles verbos que fazem parte do vocabulário habitual do coisa-ruim, de seus filhos e demais asseclas: torturar, fuzilar, matar, perseguir, estuprar, banir, humilhar, rejeitar etc etc. Agora que gastei minha energia negativa, à maneira de quem esmurra aqueles sacos de areia usados no treinamento dos boxeadores, volto ao ponto de partida: o que fazer com aquele amigo que vota em Bolsonaro? Devo tratá-lo meramente com alguém que está usando o seu direito de ter uma opinião política? Alguém que apenas se desviou do bom caminho? Devo contemplá-lo com a ótica cristã do perdão, dando a ele o estatuto de “quem não sabe o que faz”? Deveria simplesmente ignorá-lo? Espero passar as eleições para então voltar a conversar com ele e mesmo visitá-lo ou receber sua visita? Deveria ouvir atentamente seus argumentos e quem sabe me convencer de que ele talvez esteja certo? Ou, quem sabe, a melhor estratégia é tentar convencê-lo de que está no caminho errado, na contramão da história e da democracia? Acho, realmente, que nada disso funcionaria. Tenho pensado muito nisso, porque infelizmente há pessoas (bem poucas na verdade, mas incômodas) em meu círculo de relacionamentos que fizeram esta opção eleitoral e às vezes me jogam indiretas (ou nem tanto) de que eu estou me iludindo com as “mentiras” que falam do capitão e me iludindo mais ainda ao acreditar que a esquerda tem soluções para os problemas do país. Pois bem as “mentiras” que falam sobre o capitão, uma a uma, eu passei a acreditar nelas porquanto as tenha ouvido da própria boca do mesmo. Quanto às virtudes da esquerda, confesso que também tenho algumas dúvidas, principalmente levando em conta as inconveniências que o lulopetismo impôs ao Brasil e o que é pior: sua recusa em fazer qualquer tipo de autocrítica.  Mas esta não é um luta do mal contra o bem. É a luta do mal absoluto contra, digamos, o mal relativo, o mais ou menos. Mas mesmo se no lugar do mais ou menos estivesse o cachorro da esquina, ou o próprio poste da esquina, eu não arriscaria meu voto em pessoa truculenta e tão infensa ao diálogo, que demonstra menosprezar a democracia, vociferando em toda sua trajetória aquele rico vocabulário que inclui torturar, fuzilar, matar, perseguir, estuprar, banir, humilhar, rejeitar. Meu repúdio a isso mão é uma questão meramente partidária ou ideológica. É muito mais. É algo de fundo moral, ético e até estético… Votar em tal sujeito é concordar com tudo isso. E com gente assim, não quero conversa, definitivamente, nunca!   

É isso aí, meu ex-amigo bolsonarista, você está definitivamente fora da lista de pessoas com quem eu falaria, a quem eu respeitaria e frequentaria ou por quem seria visitado.

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