
Assim Sophia viu Brasília
Em minha primeira viagem a Portugal, flanava eu pelas ruas do Chiado e ato contínuo resolvi tomar um daqueles charmosos eléctricos amarelos, que subindo e descendo ladeiras acabou por me deixar em uma praça nos altos opostos ao meu ponto de partida, o Miradouro da Graça. Ali, em um pequeno paço, me vi diante de uma bela e extensa vista, que abarcava desde o bairro da Mouraria, ao rés do chão, até o Castelo de São Jorge e o bairro da Alfama, ao centro, com a Sé de Lisboa mais adiante e mesmo, além, a ponte 24 de Abril e um pedaço do Tejo. No logradouro propriamente dito um busto em bronze me avisava que o local era conhecido também pelo nome da homenageada, Sophia de Mello Breyner, que eu até então ignorava quem fosse. Nos dias seguintes vi o que minha imperdoável ignorância me negara: ela era uma das maiores escritoras e poetas de Portugal, comparada até mesmo a Fernando Pessoa. Seu nome estava não só em pracinhas como aquela, mas em outros locais públicos da cidade e, de maneira que revelava sua real importância, em uma série de poemas sobre o mar, inscritos nas paredes que ladeavam os enormes aquários do Oceanário de Lisboa, que visitei um ou dois dias depois. Assim ela chegou em minha vida.
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