Minha avó Dodora tinha uma curiosa expressão para desqualificar a prosa de alguém, por repetitiva, sem substância ou “repertório”, como ela também dizia: “conversa de Jerônimo Fogueteiro”. Talvez tenha trazido este modo de dizer de Varginha, no Sul de Minas, onde passou parte da infância. Pois é, quando abro os jornais dos últimos dias e semanas fico com a sensação de que o tal mestre de fogos de artifício está redivivo nas respectivas redações…
O amável leitor deve ser testemunha disso também. Vejamos alguns exemplos:
– Vizinho de Lula instala antena de celular para o ex-presidente utilizar em Atibaia.
– FHC teve uma amante com quem teve um filho que não reconhece.
– FHC teve uma amante e um filho, mas pagou os estudos dele nos EUA.
– Sergio Moro acha normal que informações dos depoimentos vazem de vez em quando.
– Lula é o provável dono de um tríplex no Guarujá.
– Lula nega ser o dono do tríplex no Guarujá.
– Ex namorada de FHC guardou segredo por trinta anos.
– Picciani vence eleições na Câmara, mas já procura Cunha para começar a liderar.
– Renan diz ser inocente.
– Dilma diz ser inocente.
– Eduardo Cunha diz ser inocente.
– E blá, blá, blá…
Quanta notícia relevante, hein leitor?
De duas uma: ou está faltando matéria para a mídia ou o que acontece está realmente começando a se repetir, como naquele filme do Dia da Toupeira (título apropriado, aliás, para a realidade brasileira).
Ou uma terceira: o nível moral e intelectual do país chegou definitivamente ao volume morto.
Ou ainda, se quiserem: mídia, políticos, cidadãos – alguém deve estar errado nessa história…
Marque sua opção.
Mas uma coisa é certa Jerônimo Fogueteiro triunfou!
***
A propósito, devo confessar: mandei instalar uma antena de celular no meu sítio e disponibilizei seu uso aos vizinhos. Não sabia que era crime… A quem devo me confessar? A Sergio Moro ou ao Bispo?