A gente precisa ter tento
Vem pra cá, diz um lado
Saia do muro, quer outro
Penso no modo dos rios
Que segundo mestre Rosa
Tem margens bem mais completas
Do que as que mal e mal vemos
Primeira, segunda e terceira…
De verdade ainda são mais
A primeira, a da esquerda
A segunda, a da direita
Ou o contrário, pode bem ser
Mas isso é apenas miragem
No fundo há outra imagem
E o céu, lado profundo
Não seria outra margem?
Isso tudo sem esquecer
Que rios correm ao mar
Onde margens e limites
São coisas a desprezar
Assim, amigos, proponho
Não me chamem à sua beira.
Eu e outros – e não é sonho
Apenas estamos adiante
Dessa nuvem de poeira
Que tapa a mente também
Quem sabe estamos no fundo
Ou muito acima, além.