Crônicas do Bom-Viajar (Flavio e Keta, 2022)

Durante um pedaço de minha vida achei que eu não gostava de viajar. Hoje vejo que me enganei, ou, pelo menos, passei a ver que as viagens podem ser boas ou más, dependendo de alguns fatores.  Começando pela negativa, devo dizer que aquela história de viajar por viajar, visitando uma sequência alucinada de países, cidades, monumentos, museus, vales, montanhas etc, tirar um monte de fotos e depois mostrá-las alegremente para os amigos, decididamente nunca foi a minha praia. Aliás, na minha preferência, melhor que nem haja praia em eventuais viagens…   

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Chico e a Revolução dos Cravos

Portugal entrou pra valer em nossa vida na última semana. Lula esteve lá, Chico recebeu o prêmio que a horda fascista lhe quis sonegar e a Revolução dos Cravos fez 49 anos. Adoro este país, tanto que nos últimos 10 anos estive lá nada mesmo do que cinco vezes. E quero voltar outras tantas, ora se quero! Aqui mesmo no meu blog já publiquei diversos textos sobre essas minhas viagens (ver link). Sobre Lula e Chico não há muito o que dizer: a imprensa e muitos de nós já disseram tudo. Os direitistas de lá e de cá também, mas não vale a pena ouvir e muito menos valorizar suas perorações, caso para psiquiatras, quando não veterinários. Mas Chico, esta rara unanimidade – à qual me associo – na minha visão cometeu um equívoco décadas atrás, quando resolveu refazer a lindíssima letra de Tanto Mar, para acrescentar uma nota de desgosto com o rumo que a revolução tomara. Disse ele: já murcharam tua festa, pá. Tenho minhas dúvidas se foi realmente assim. A sobredita Revolução dos Cravos foi, na verdade um golpe militar (para o bem) que encerrou a ditadura salazarista. De fato, não só Chico Buarque ficou contente. Nós todos, o que amamos a Democracia, ficamos alegres e esperançosos de que no Brasil houvesse algo igual, sem militares, claro. Aliás, militares, como se sabe, costumam pegar e não largar mais sua presa… Mas pouco tempo depois, o nosso Chico coloca na canção seu sentimento de decepção. Ele se referia à derrota dos comunistas e dos militares de esquerda nas primeiras eleições gerais depois do golpe. ele não gostou de tais mudanças, mas na verdade apenas aconteceu o que é comum e até desejável nas democracias que fazem jus a tal nome: a fila andou e o poder mudou de mãos, fazendo rodízio entre centro, centro-direita e centro-esquerda – e vem sendo assim desde então. Melhor para eles… Chico, um gênio da melodia e das letras, prêmio Camões de 2019, pelo menos neste caso não teve a clarividência necessária a uma boa análise política. Mas ele, que produziu tantas coisas boas na vida, tem créditos de sobra, pode errar um pouquinho, está perdoado…

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Viagem a Portugal (II): Entre a Cruz e a Espada

Para sair de Lisboa há um dilema a ser resolvido: qual estrada tomar? Sim, porque há sempre mais de uma opção. Em geral, existem grandes rodovias, padrão ‘União Europeia”, com largas pistas de rolamento, muito bem conservadas, sinalizadas, limpas e… pagas. Porém, o ideal é ir pelas vias colaterais, nem sempre com acesso bem sinalizado, também de boa qualidade, embora bem mais estreitas. Mas é … Continuar lendo Viagem a Portugal (II): Entre a Cruz e a Espada