
No Mato-Dentro
Para sairmos da grande cidade é preciso trilhar seus tristes caminhos de periferia, lixo jogado nas ruas e o povo pobre nos pontos de ônibus. Mas lá na frente, mal e mal vislumbradas, as montanhas já nos auguram, em pálido azul que se confunde com o cinzento, a passagem por mais aprazíveis lugares. Em marcha sinuosa e intercalada pelos quebra-molas, passagens de linha de ferro e semáforos, ladeando as grandes filas de moradias toscas e sem reboco, vamos deixando para trás essa “mancha urbana” – coisa que aqui é sempre uma “mancha”, pelo menos em relação ao destino que esta gente deveria ter, mas não tem. Mas é ir em frente – fazer o quê? E assim alcançamos a velha cidade, vizinha quase emendada à metrópole adjacente, herdando dela e até piorando o que de mal possa haver. Mas em todo caso, além da ponte do rio histórico, alguma coisa mais bela se anuncia e logo se confirma, mas se reduz a uma única rua, só, aquela fileira de casarões, seus telhados sobranceiros, uma ou outra igreja ou capela, o que sobrou de um chafariz ou de um aqueduto. As placas comerciais escandalosas, anunciando negócios e mercadorias, em barafunda, meio que estragam ou contaminam tudo. Mas pelo menos os quintais ainda ostentam suas mangueiras centenárias, neste momento em florada, cujo cheiro é possível sentir mesmo dentro do carro. Continuar lendo “No Mato-Dentro”