Não me considero um especialista em Guimarães Rosa. Pensando bem, não passo de um fã, lembrando a origem verdadeira desta palavra: fanático. Assim, se me faltam fundamentos de crítica literária, me sobra emoção ao falar de sua obra, particularmente de Grande Sertão: Veredas, que para mim é simplesmente O Livro. Admito a minha fixação nesta obra, tendo acabado de lê-la pela sétima vez durante a presente quarentena (a primeira foi há mais de 50 anos atrás). Devo dizer, ainda, que isso é resultado de me sobrar tempo neste momento o que me faz, mais uma vez pensar na saga de Riobaldo e Diadorim. Mas, tudo bem, pelo menos no meu caso, para alguma coisa boa esta pandemia serve. Mas enfim, no exemplar de GSV que me acompanha desde a primeira leitura fui fazendo ao longo das décadas uma série de anotações, rabiscos, destaques e isso me traz agora a pretensão de divulgar um pouco dessas minhas impressões registradas ao longo de tal jornada. Para começar, trago até vocês quatro textos, já avisando que aos poucos irei acrescentando outros. Neles estão, respectivamente: (1) um sumário da obra em três laudas (versus as quatrocentas e muitas páginas originais); (2) uma coletânea comentada de citações que tentam definir uma das questões mais candentes suscitadas pela obra: O que é o Sertão? (3) Mulheres do Grande Sertão, perfilando a figura da bem-amada de Riobaldo: Otacília, a moça urucuiana; (4) um perfil de duas outras mulheres importantes na vida de Robaldo: Ana Duzuza, uma bruxa sertaneja e sua filha Nhorinhá, uma prostituta; (5) Mulheres de Riobaldo, uma tentativa de síntese analítica relativa às figuras femininas acima. Ficarei feliz se lerem – e compartilharem comigo – tais emoções. Vejam nas páginas seguintes (2, 3, 4, 5, 6).
