
Há dias, o Ministro da Saúde, Ricardo Barros, portador de um interessante estilo “deixa que eu chuto”, nas palavras inesquecíveis de Flavio Rangel, sobre o ditador Figueiredo, andou dizendo que um grande problema dos serviços de saúde é ter de atender as pessoas que, segundo ele, “fingem estar doentes”. Não sou de salvar a pele de autoridades, mas, dessa vez, acho que ele tinha até um pouco de razão, mas não soube como expressá-la corretamente. Aqui vai, assim, minha contribuição ao tema. Ministro, você me deve essa, ok? Que tal se para quitar a dívida me consulte a respeito deste “Plano Popular de Saúde” que o senhor está lançando?
Quando fui Secretário Municipal de Saúde, por duas vezes, aliás, em Uberlândia, recorri várias vezes ao argumento de que muitos dos problemas dos sistemas de saúde – no caso da cidade onde eu era gestor, de forma evidente – derivavam de uma cultura do usuário, que poderia se traduzir simplesmente por: “a saúde tem obrigação de me dar tudo que eu preciso!” E não importaria a dimensão e a natureza de tal necessidade – neste “tudo” estariam incluídos desde o desemprego até as desavenças conjugais. Continuar lendo “De saúde e cultura”